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2016 - As empresas precisam engajar fornecedores e clientes na questão ambiental

 

Por Natália Spinacé

Quando se fala em investir em sustentabilidade, muitas empresas ainda não levam o tema a sério e fazem ações isoladas com o objetivo de ganhar boa reputação. Segundo Aron Belinky, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, essa visão está ultrapassada. Companhias que de fato se preocupam com o meio ambiente enxergam as questões ambientais como parte da empresa, e fazem da sustentabilidade uma estratégia de negócios. Para ele, seguir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU é um caminho para essa transição. As empresas com olhar mais sério em relação ao meio ambiente e à sustentabilidade são candidatas ao Prêmio Época Empresa Verde 2016. As principais dúvidas para quem quer concorrer estão respondidas aqui. Neste ano, a novidade é o prêmio para iniciativas ambientais que têm efeitos colaterais positivos para outras áreas.

ÉPOCA: Quais os benefícios para uma empresa que inclui estratégias que envolvam o meio ambiente?

Aron: Existem os ganhos que a maioria das pessoas já conhece: ganhos reputacionais e evitam riscos de multas. Mas, hoje, isso vai além da boa reputação e da preocupação com a imagem. As empresas devem olhar essa questão como uma abordagem estratégica. Não se trata de fazer ações isoladas, mas sim algo que faça parte da empresa como um todo. A companhia que se preocupa com a sustentabilidade está se protegendo de questões que podem afetar sua produtividade no futuro.

ÉPOCA: Que tipo de situações são essas?

Aron: A questão da água, por exemplo. Uma empresa que se empenha em não poluir ou em fazer tratamento da água está protegendo a si mesma. Quando houve a crise hídrica em São Paulo, muitas empresas, pequenas e grandes, foram afetadas com os cortes da água. Elas perderam lucro devido à falta de água. A companhia que avalia esse tipo de questão e investe nisso terá uma vantagem competitiva sobre as concorrentes.

ÉPOCA: Na hora de planejar sua estratégia de sustentabilidade, a empresa deve priorizar ações mais sociais como educação, diversidade, empoderamento feminino em detrimento de causas ambientais?

Aron: O melhor jeito de definir esse tipo de questão é fazer isso de acordo com os impactos que a empresa gera. Quais são os impactos negativos que a companhia causa? Em que setores? E o que ela pode fazer para diminuí-los? Nessa lógica, as empresas devem minimizar ao máximo seus impactos negativos. Sejam eles para o meio ambiente ou para uma causa social. Isso não significa, é claro, que a empresa não possa se identificar com uma causa com a qual ela não impacta negativamente.

ÉPOCA: Qual conselho você daria para um gestor que está começando agora e quer investir em políticas ambientais?

Aron: Acho que fazer a análise de impactos que mencionei anteriormente é fundamental. As empresas também podem usar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados pela Organização das Nações Unidas para se nortear. Mas  é importante salientar que esses objetivos não devem ser vistos apenas como uma lista na qual se escolhem algum itens. Esses objetivos são parte de uma coisa maior, e devem ser encarados como uma estratégia integrada.

ÉPOCA: E o que as empresas devem fazer para colocar os ODS em prática?

Aron: Existem quatro pontos que devem ser levados em consideração. O primeiro deles é entender que os 17 ODS estão integrados. Não adianta nada a empresa se comprometer com um deles, mas abandonar o outro. Por exemplo: a companhia faz caridade, mas polui litros e litros de água. O segundo ponto é a questão da magnitude. Esses ODS têm um prazo, que é até 2030. As empresas precisam pensar em compatibilidade de recursos com esse prazo, e isso exige planejamento. Não pode ter aquela mentalidade de  achar: “Ah, vou fazer qualquer coisa dessa lista e está bom”. Não é assim que funciona. O terceiro ponto é entender que os ODS não são algo superficial. As empresas precisam medir como as suas ações estão afetando um objetivo, se é suficiente ou se precisa de mais investimento. O quarto ponto é a cooperação. Nenhuma empresa ou governo conseguirá cumprir sozinho todos os ODS. A empresa precisa engajar seus fornecedores e clientes, precisa fazer desses objetivos algo maior.

 

Fonte: epoca.globo.com
 

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